“Tenho-vos dito isso, para que em mim
tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.”
João 16.33
Alegria e guerra são conceitos
totalmente opostos. Segundo o dicionário, alegria significa prazer em viver, contentamento,
satisfação. Enquanto guerra significa luta, conflito. Não há satisfação no
conflito, não há contentamento na luta. E não há prazer em viver na guerra,
pois geralmente a guerra deixa feridos e mortos. Como conciliar então estes
dois conceitos? Seria possível fazê-lo?
Servir ao Senhor com alegria em tempo
de paz é muito bom, e muito fácil. É fácil levantar as mãos para adorar, é
fácil aplaudir, é fácil sorrir para todos os que estão ao nosso lado.
Porém, quem, em sua caminhada cristã,
nunca passou por um período de guerra? – todos já passaram, e muitas vezes, e
ainda vão passar por muitas outras. A Bíblia é bem clara quanto a isso. Jesus
poderia ter dito que no mundo nós nos divertiríamos, brincaríamos, faríamos
tudo com facilidade. Mas Ele não nos enganou: “no mundo tereis aflições”, e é
exatamente o que todos nós vivenciamos.
A partir do momento em que aceitamos o desafio de seguir o Senhor, e de servir ao Senhor, de trabalhar em prol do reino, de ganhar almas, de adorá-Lo, de fazer tudo isso com alegria; a partir desse momento a nossa guerra começa. É a partir daí que se levantam as pessoas de sua família contra você, querendo te desestabilizar; levantam-se irmãos da Igreja, questionando o que você faz; levanta-se a inveja, a cobiça, o ciúme, a fofoca. Tudo isso parte das pessoas que estão com você, daquelas que você vê todos os dias, convive todos os dias. Porque se esses sentimentos partissem de pessoas distantes, que você não vê ou mal conhecem, então seria fácil vencer, seguir em frente. Mas para lidar com isso todos os dias? Como nós podemos servir ao Senhor com alegria se nós sentimos que falam de nós, que se incomodam com o que fazemos, se tentam nos derrubar? Como evitar que tudo isso aconteça?
Nós
temos duas opções: seguir em frente, ou desistir.
Vejamos
a primeira opção:
1) Seguindo
em Frente
Ora, se Deus nos chamou, é dever nosso
obedecer. Ele nos chamou para servi-Lo, e nós precisamos servi-Lo com alegria.
Mas como servir ao Senhor com alegria em tempos de guerra?
1.1) É preciso negar-se a si mesmo
Mateus
16.24: “Então, disse Jesus a seus discípulos: se alguém quer vir após mim, a si
mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.”
Nós
somos membros do Corpo de Cristo. Então, não somos eu, você, ele e ele: somos
nós. é preciso nos enxergarmos como um corpo. É preciso pensarmos como um só.
Eu não posso ser egoísta, pensar somente no que me agrada, fazer apenas a minha
vontade. É preciso ser um só corpo com todos os irmãos. Então, pensando desta
forma, é mais fácil conceber a possibilidade de “negar-se a si mesmo”: relevar
as ofensas, as discussões, as brigas e disputas. É fácil? Não. Mas é o que
precisamos fazer para ir após Cristo. Jesus conhece nossos corações, nos sonda:
clamando a Ele para que nos ajude, Ele nos ouve, e nos ajuda a superar todas
essas barreiras. Ele nos ajuda nesse processo tão difícil de negarmos nossas
vontades, nossos desejos, e enxergarmos como um só corpo.
1.2) É preciso tomar a sua cruz
Mateus
16.24: “Então, disse Jesus a seus discípulos: se alguém quer vir após mim, a si
mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.”
O
fardo de Jesus é leve, mas ele existe. A vida cristã é trabalhosa. A vida na
Igreja para aqueles que trabalham também. Porque aqueles que não fazem nada em
prol do reino não dão trabalho para o inimigo, então não há motivos para
perturbá-los. Mas aqueles que trabalham, independente do que façam (Deus
conhece o coração de cada um, o trabalho de cada um, seja orando, intercedendo,
pregando, cantando: Deus conhece e sabe o que cada um faz, e reconhece os
frutos desse trabalho, seja ele qual for); os que trabalham têm sua cruz para
carregar, cada um. E pode ter certeza que é mais fácil estar em qualquer outro
lugar. Se na escola te incomodam, você pode trocar de escola numa boa; se no
trabalham pegam no seu pé, você pode trocar, ou aturar tudo o que fazem por causa
do salário. Mas da Igreja, não da para sair por qualquer problema que surja. A
sua cruz é a sua cruz, e você vai carregá-la em qualquer lugar que você esteja.
Se implicam com o ritmo que você toca aqui, vão implicar também em outra
Igreja. Pode não ser com o ritmo, mas vão implicar. Não tem como fugir disso.
Os problemas estão em todos os lugares. O que muda é o endereço, e os rostos. O
resto é igual. Se você faz o que faz bem, faz em nome do Senhor, alguém vai se
levantar para tentar te ferir. É isso que o inimigo faz. Se você joga tudo para
o alto, então o inimigo ganha. Quem quer servir ao Senhor com alegria, precisa
carregar sua cruz, dia após dia.
1.3) É
preciso fartar-se de afronta
Lamentações
3.30: “Dê a face ao que fere; farte-se de afronta.”
Como
servir ao Senhor com alegria cheio de afronta? Poderiam haver milhões de
respostas para esta pergunta, mas nada a responde melhor que o texto em Mateus
5, a partir do versículo 3.
(Igreja
- leitura do versículo 03 ao versículo 12)
“Regozijai-vos
e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram
aos profetas que viveram antes de vós.” Regozijai-vos e exultai – é dessa forma
que servimos ao Senhor com alegria fartos de afronta. Grande é o nosso galardão
nos céus.
1.4) É
preciso amar o outro
João
13.34-35: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu
vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois
meus discípulos: se tiverdes amos uns com os outros.
Na
guerra não existe amor; existe ódio, rancor, ira. Se alguém se levanta contra
você, e você responde com amor, você já venceu. Se alguém é rude, e nós somos
educados, a pessoa rude fica sem graça, e até pede desculpas. Então se nós
respondemos com bem a quem nos trata mal; se nós respondemos com amor, já não
há mais guerra, porque o amor não dá espaço para guerras. Se levantaram contra
você, contra seu ministério? Ore por essas pessoas. Não entre na briga, você
não ganhar nada. Ore. Ame. E a vitória é certa.
Mas
a quem devemos amor? A todos. Ame seu amigo, seu pai, seu irmão, seu inimigo,
aquele que te rouba, que mente, que
dissimula: Jesus morreu por todos. Ele não escolheu por quem morrer, morreu por
todos. Não podemos escolher quem amar. Devemos amar a todos. E se nós amamos,
nós vencemos a guerra, nós servimos ao Senhor com alegria, independente do que
esteja acontecendo. A nossa alegria nunca morre porque nós amamos, e o amor de
Deus em nossas vidas faz isso: renova nossa alegria, mesmo em tempos de guerra.
1.5) É
preciso perdoar
Lucas 23.34a: “Contudo, Jesus dizia:
Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.”
Mateus 6.14-15: “Porque se perdoardes
aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se porém,
não perdoardes aos homens (as suas ofensas) tampouco vosso Pai vos perdoará as
vossas ofensas.”
Quem
ama, perdoa.
É
impossível servir ao Senhor com alegria tendo no coração mágoa contra alguém. E
quando nós nos colocamos diante de Deus, dispostos a perdoar, mesmo que seja a
pior afronta de todas, nós somos capazes de perdoar. Porque o poder de Deus é
incrível. Não há nada que Ele não seja capaz de fazer. A dificuldade é amar um
irmão? Entregar o dízimo, perdoar? Peça à Deus! Ele verdadeiramente transforma
nossos corações. Como Ele faz isso? Não faço a menor ideia. Mas querido, Ele
faz. Faz você se sentir uma nova criatura de novo. E renovado de novo. E
quantas vezes mais forem necessárias. Ele não se canse de nos ajudar!
E
a Palavra de Deus é clara: quem não perdoar não será perdoado. O que seria de
nós sem o perdão de Deus? Não precisaríamos nem estar aqui, porque nada do que
fizéssemos seria aceito diante dEle. E mais, maior exemplo de perdão do que a
declaração de Jesus para aqueles que o humilharam não existe: “Pai, perdoa-lhes.”
Nenhum de nós sofreu um décimo do que Jesus sofreu, e nos recusamos a perdoar. Tem
gente que pisa na bola, e muitas vezes, é verdade. Mas sem perdão, não há
alegria no nosso servir. Se você tenta fazer algo estando irritado com alguém,
você não consegue fazer direito. Se você vai trabalhar brigado com sua esposa,
você vai ficar pensando naquilo. Ou na briga, ou na hora de chegar em casa, e
ter que encará-la. De repente achando que tem razão, e ela está errada, já
pensando em passar direto sem nem dar um “oi”, e ai dela se falar alguma coisa
com você, vai virar briga de novo! As coisas são assim, em casa, no trabalho,
na escola, na Igreja. Se ninguém der o primeiro passo rumo ao diálogo, a birra
vai permanecer, o mau clima continua. E imagina vir louvar a Deus dessa forma! Ele
não vai receber e ainda ficará triste com nossa atitude. É preciso perdoar.
Para servir ao Senhor com alegria em
tempos de guerra é preciso:
1 -
negar-se a si mesmo;
2 -
tomar a sua cruz;
3 -
fartar-se de afronta;
4 -
amar o outro;
5 – perdoar.
Vejamos agora a segunda opção:
2) Desistindo
Deus
nos chamou, mas nós temos sim a opção de negar o chamado de Deus, ignorá-lo,
fingir que não é conosco. Podemos até aceitar e desistir no meio do caminho.
Mas se eu, se você desistirmos, a obra não vai parar.
Lucas 19.10: “Mas Jesus lhes respondeu:
Asseguro-vos que, se eles se calarem, as próprias pedras clamarão.”
Seu
irmão é chato? Está disposto a te tirar do sério? Inventando histórias, fazendo
fofoca, ou nem fala mais com você? São armadilhas do inimigo para o trabalho
não continuar. Deus vê tudo o que acontece, e Ele é quem vai julgar seu irmão.
Lembre-se de que tudo acontece com a permissão de Deus. Então, se o irmão se
levanta contra você, Deus está vendo e sabe.
Quer
desistir? Toda a dor de cabeça com
ministérios, e trabalho na casa de Deus, e até as intrigas que os seus
familiares inventam: tudo vai desaparecer. Você não vai ter mais preocupações.
Mas o trabalho de Deus não vai parar. Você é importante, sim. Mas se você não
falar, Deus levantará as pedras. Deus levantará outro que esteja disposto a
fazer a obra no seu lugar. Deus levantará outro que esteja disposto a negar-se
a si mesmo, a carregar sua cruz, a fartar-se de afronta, a amar, a perdoar. Deus
levantará outro que esteja disposta a obedecer o seu chamado, com todas as suas
implicações. Porque no mundo, tereis aflições. Deus levantará aquele que tem
bom animo, porque com bom animo, Jesus venceu o mundo, e assim farão aqueles
que não desistirem em meio às guerras.
Esse
ano eu não sou líder da dança, então eu vou parar de dançar! Mas o ministério
vai continuar, porque ele não depende de mim; antes, sou eu quem depende dele.
Sou eu quem depende de cumprir o chamado de Deus, de louvá-lo e adorá-lo com o
dom que Ele me deu. E ai de mim se não o fizer, porque eu nasci para honrar e
glorificar o Senhor.
Deus
não depende de você. Ele te ama, e quer te ver fazendo a obra. Mas se você não
quiser obedecer, Ele vai levantar outro. Foi assim com Saul, que não obedeceu
ao Senhor, e perdeu seu trono para Davi. Por que seria diferente conosco? A
obra é grande. E não vai parar.
Quem
desiste não recebe o prêmio, não recebe o galardão que está preparado. Não
existe alegria na derrota. Não dá pra servir ao Senhor com alegria desistindo
no meio do caminho. As guerras vêm, mas que nos regozijemos e exultemos, porque
é grande o nosso galardão nos céus. As guerras vêm, porque no mundo temos
aflições, mas que tenhamos bom animo, porque Jesus venceu o mundo.
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