Introdução – O Mundo Em Que Vivemos
Nós
vivemos em uma época em que nossos relacionamentos e nosso modo de pensar e
agir são pautados pelo capitalismo e neo-liberalismo. Pensamos sempre em ter e
comprar mais coisas, e principalmente pensamos mais em nós mesmos.
Conforme
Aurélio Buarque, o capitalismo é o sistema econômico e social baseado na
propriedade privada dos meios de produção, na organização da produção visando o
lucro e empregando trabalho assalariado, e no funcionamento do sistema de
preços.
O neoliberalismo surgiu à época da II Guerra
Mundial, com o fim do Welfare State, que é o bem-estar social, até então
garantido pelo governo. A partir do neoliberalismo, alguns serviços que antes
eram prestados exclusivamente pelo governo passaram a ser de responsabilidade
da sociedade civil. Surgiu também, com o início desse sistema, o conceito de
meritocracia, onde cada um é responsável pelo seu sucesso ou pelo seu fracasso.
O
que isso tem haver com a Igreja?
Como
dito antes, o capitalismo e o neoliberalismo estão moldando nossa forma de
pensar e agir. Estes conceitos estão impregnados em nós de forma tal que nem
mesmo nós percebemos. Mas nós, como Corpo de Cristo, não podemos nos deixar
levar pelos conceitos do mundo.
Muitos
cristão dizem que o mundo está invadindo as igrejas quando se refere aos
estilos musicais. O grande perigo não é trazer o funk para cá, e sim o egoísmo
capitalista.
“Vendendo
suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade.
Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio de templo. Partiam o pão em
suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de
coração.”
Atos 2.45-46
Este
é o conceito bíblico. Vejam como é diferente do conceito capitalista. E qual
deles tem feito parte das nossas vidas hoje? Qual deles tem feito parte de
nossas igrejas hoje? Nós estamos visando a propriedade privada, ou a partilha
dos bens? O pastor auxiliar da PIB da Palhada, Edvaldo, disse algo muito
interessante: antigamente, nós pedíamos algo por “nós”. As músicas diziam “Vem
sobre nós”, “Deus, sara essa nação”, “Vencemos a batalha”. Mas hoje cada um
pede por si: “Eu quero a minha benção!” “Olha para mim!” “Eu sei que chegará
minha vez!” E o partir do pão? Ou visamos somente o lucro? O nosso lucro, seja
ele financeiro ou espiritual?
Nós
fomos chamados a ser padrão de integridade no mundo! Deus nos colocou nesse
mundo sabendo que o sistema econômico seria o capitalista. Deus já sabia que na
escola diriam para as crianças que elas tiram nota baixa porque são burras.
Deus já sabia que nós seriamos avaliados pelo que temos, e não pelo que somos.
E, antes dos homens nos desafiarem, o próprio Deus nos deu essa tarefa: ser
padrão de integridade.
O Padrão de Integridade da Sociedade
Padrão
quer dizer modelo. Existem diversos padrões, aplicados ou não em diversas
áreas. Mesmo que as pessoas não gostem, porque sempre existe um rebelde, os
padrões são adotados. Temos como exemplo os uniformes escolares, a forma de
endereçamento de cartas, arquivamento de documentos, registros, atas, logradouros.
Esses são padrões usados de forma geral, e que não podem ser ignorados.
Tem
o padrão de vida: um modelo de vida almejado pelas pessoas. viver bem, ter uma
boa casa, não ter contas para pagar.
Tem
os padrões ditados pela mídia: corpo escultural, cabelos loiros, ter amante é
sempre bom, cerveja é sinônimo de diversão, professor é burro, e por aí vai.
Tem
também os padrões estipulados pela Bíblia. Nem sempre as pessoas desejarão
seguir o padrão de vida que nós, crentes, escolhemos; mas nós temos a obrigação
de segui-los. E, seguindo os padrões estipulados pela Bíblia, nós mesmos
seremos padrão para o mundo. Porque agora Cristo vive em mim. E se Cristo vive
em mim, existe diferença entre eu e alguém do mundo. E essa diferença faz com
que eu me torne modelo para aquele do mundo seguir, e alcançar.
Mas
como nós seremos capazes de alcançar alguém do mundo se vivermos da mesma forma
que eles vivem? Nossas atitudes precisam ser diferentes. Nós não podemos viver
conforme as regras do capitalismo. O nosso objetivo não pode ser a propriedade
privada. Nosso objetivo não pode ser apenas a nossa salvação. Eu sou salvo em Cristo Jesus e não preciso
de mais nada. Não pode ser assim! Isso é um pensamento egoísta. É um
pensamento meritocrático – eu consegui, agora cada um que de seu jeito. Jesus
nos fala claramente que precisamos estender nossa mão ao próximo. Precisamos
partilhar o pão, e nosso Pão é Jesus! Temos a Jesus Cristo como Senhor de
nossas vidas – amém! Agora vamos trabalhar para que outros o aceitem, o conheçam,
o amem. Vamos viver conforme a Palavra de Deus, e não conforme o mundo.
Para
o mundo, ser padrão de integridade é não roubar, não matar, não cometer crime
algum. Nós, porém, precisamos através do nosso testemunho, mostrar que a
integridade somente pode ser plena quando estamos com Jesus Cristo. É como está
escrito no texto escolhido para ser a divisa da semana MCA em Foco:
“Assim
brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam suas boas obras a
glorifiquem ao Pai, que está nos céus.”
Mateus 5.16
Quando
a luz de Jesus brilha em nós, os homens vêem nossas boas obras e o nome dEle é
glorificado. Não por nós; pelos homens. Esse é o modelo de que eles precisam.
O Padrão de Integridade Conforme a Vontade
de Deus
“Criou Deus o homem à sua
imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.”
Gênesis 1.27
Fomos feitos à imagem de Deus,
fisicamente. Feitos imitadores de Cristo, espiritualmente. Essas são as
referências para determinar as nossas vidas. As pessoas não podem achar que
somos crentes pela roupa que vestimos, ou pelas palavras que usamos, somente.
Essas são características físicas. São importantes, sim. Mas precisam ser
completadas pelo nosso comportamento.
Jesus Cristo é o nosso maior e melhor
exemplo de vida a seguir. Então, se alguém tiver alguma dúvida do que fazer,
pense: o que Jesus faria no meu lugar? Será que, na igreja primitiva, as
pessoas faziam tudo em comunhão, vendiam suas casa e partilhavam o pão porque
Jesus era uma pessoa mesquinha, não compartilhava nada com ninguém? Se Jesus
não os tivesse ensinado a dividir, eles não o fariam. Jesus nunca deixou de dar
atenção a ninguém, e os apóstolos viam isso. Jesus atendia a todos de bom
grado. E os apóstolos estavam observando. Jesus orava todo o tempo. E os
apóstolos sabiam disso. Então, depois que Jesus foi para o Pai, eles sabiam o
que fazer. Jesus foi o padrão para o trabalho deles, para o trato com as
pessoas, para o carinho e afeto pelos necessitados. Será que Jesus recusaria ir
para a Madrugada do Amor só para não abraçar um mendigo? Não foi isso que Ele
nos ensinou. Jesus nos ensinou a amar os inimigos com a parábola do Bom
Samaritano. Nos ensinou a perdoar, com a passagem de Maria Madalena. Então,
pense: o que Jesus faria se Ele estivesse no seu lugar agora? Ele julgaria?
Acusaria? Jogaria uma pedra? Abandonaria? Escolheria a pessoa rica ou a pobre?
A gorda ou a magra? A branca ou a negra? Escolheria o bem privado ou coletivo?
O lucro ou a partilha?
O nosso cuidado de não deixar que a
igreja seja tomada pelo mundo é o de não deixar que o capitalismo, o
neoliberalismo, a meritocracia, o relativismo (tudo depende) façam parte de
nossas vidas. Nós somos de Deus! Nós temos regras a seguir: a Bíblia! E nós
temos um padrão a seguir que é Jesus Cristo.
Nosso
Padrão de Integridade: Jesus Cristo
Jesus é o nosso modelo, e nos deixou algumas
recomendações que devem ser seguidas:
1)
Reconciliação: somos reconciliadores de Deus com os homens.
“Portanto, se alguém está
em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram
coisas novas! Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por
meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, ou seja, que Deus em
Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados
dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação.”
II Corintios 5.17-19
Jesus
veio para reconciliar os homens com Deus. Veio para que os homens o recebem e
pudessem voltar a ter a vida, agora com Deus. E a nós foi confiado transmitir a
mensagem de Jesus Cristo, ou seja, a reconciliação. É ministério dado por Deus
a todos os homens que aceitam a Jesus Cristo como Senhor. Todos nós somos
reconciliadores. E esse ministério terá frutos somente se tivermos um bom
testemunho. É impossível pregar para alguém a partilha do pão se nós não
dividimos a carne. Dar é pão é fácil; vamos dar também a picanha.
Gisella Matos, uma escritora e
bailarina, relata em seu livro uma experiência. Ela iria fazer cantina em sua
igreja, com cachorro-quente, e foi comprar a salsicha. Ela estava escolhendo
uma marca barata, mas seu marido, pastor, lhe disse: você tem que dar para Deus
o melhor. O que a Bíblia diz sobre alimentar os famintos, visitar os presos,
acolher as viúvas e órfãos? Quando fazemos a cada um deles, fazemos para Deus.
Para Deus, precisa ser o melhor! E as pessoas não vão entender isso se não
virem isso em nossas vidas! Como vamos pregar sobre a entrega dos dízimos e das
ofertas se sempre compramos a salsicha mais barata para a igreja? Ofertaremos
como Caim ou como Abel? Com o exemplo de Caim, as pessoas se afastam. Com o exemplo
de Abel, as pessoas se aproximam. Somos reconciliadores, precisamos seguir o
exemplo certo.
2)
Ir: sair do nosso lugar de conforto para pregar a Palavra de Deus
“Portanto, ide por todo o
mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.”
Mateus 28.19
Fomos
chamados a pregar. Todos nós fomos chamados. Para cumprirmos com o ministério
de reconciliação, nós precisamos pregar. Vejam como Deus é bom: com apenas uma
tarefa, nós cumprimos duas ordens! Pregando o Evangelho nós levamos para os
homens a mensagem de reconciliação.
É muito interessante o fato de que
Jesus não usou parábolas. Ele deu uma ordem clara: ide.
Muitos de nós acreditam que “ir” é
ofertar para missões. Outros acham que “ir” é orar pelos missionários. Ora,
Jesus não disse “orai pelo que vão” ou “ofertai para os que vão”. Ele disse
ide. No modo imperativo – ordem!
“Tem porventura o Senhor
tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do
Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor é
do que a gordura de carneiros.”
I Samuel 15.22
Entregar o domingo ao Senhor é um
sacrifício. E é importante, claro. Contudo, o mais importante é obedecer. Não
se engane. Ir e pregar é uma ordem dada a todos. Jesus não escolheu um ou outro
para cumprir essa missão. Ele chamou todo mundo, fez uma grande convocação. E
se nós O reconhecemos como
Salvador e declaramos que cremos em Seu Nome, precisamos obedecer. As almas lá
fora esperam por isso. Jesus espera por isso. Esse é o padrão de que o mundo precisa.
É assim que a luz de Cristo deve brilhar em nossas vidas a fim de que o nome do
Pai seja glorificado. E somente glorificarão aqueles que amarem a Deus. Como as
pessoas do mundo o amarão se não houver quem cumpra com a ordem do Senhor? Ide,
vamos todos nós pregar o Evangelho a toda a criatura.
3) Amar: o principal e maior mandamento
“Jesus
respondeu: Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e
de todo o seu entendimento. Este é o primeiro e maior mandamento. É o segundo é
semelhante a ele: ame o seu próximo como a si mesmo.”
Mateus 22.37-39
Este mandamento engloba tudo que o
cristão precisa para ser padrão de integridade. Quem ama se importa, escolhe
sempre a verdade, não pede nada em troca, sempre estende a mão para quem
precisa, não nega, se entrega, se doa; quem ama perdoa quem quer que seja. O
amor é o melhor testemunho e a melhor oração de uma pessoa. É o padrão que
Jesus nos deixou, porque Ele morreu por nós por amor. E amando, nós cumprimos
as recomendações deixadas por Cristo.
“Ame
o Senhor teu Deus de todo o coração.” - Quem ama a Deus o obedece. E obedece
com prazer! Levar os homens a se reconciliarem com Deus é mostrar o quanto nós amamos
nosso Deus, porque estamos sendo obedientes!
“Ame o teu próximo como a ti mesmo” –
Quem ama o próximo leva com muita alegra o Evangelho, porque sabe que é o
melhor para a vida dele.
Precisamos fazer a diferença no
mundo. Não podemos ser parecidos com as outras pessoas. não podemos pensar
somente em nós mesmos, em ter somente a nossa benção. Precisamos ser modelo
para que o mundo glorifique ao Pai por nossa causa.
Amém!
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